Stradivarius
Um violino Stradivarius foi vendido hoje em Nova York por US$ 3,5 milhões, preço jamais alcançado por um instrumento musical em leilão.
O violino, conhecido como "The Hammer", em referência ao sobrenome de seu proprietário original, foi adquirido por telefone em um leilão de instrumentos musicais organizado pela firma Christie's.
Fabricado por Antonio Stradivarius em 1707, em Cremona (Itália), o violino tinha um preço estimado de US$ 2,5 milhões, valor que foi superado após uma intensa disputa entre duas pessoas que davam seus lances por telefone.
O preço final, que inclui as comissões da Christie's, superou o recorde em leilão para um violino, que era de US$ 2,03 milhões, obtido no ano passado por outro Stradivarius, de 1699, chamado "Lady Tennant".
(Matéria publicada em 16/05/2006.)
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Qual o Segredo do Stradivarius
Mais uma tentativa de resolver o contra-senso tecnológico dos violinos --os mais antigos são melhores que os atuais. Desta vez, segundo pesquisa publicada hoje na revista científica "PLoS One", o grande segredo da qualidade de som dos Stradivarius e dos Del Gesù pode estar na densidade dos dois tipos de madeira usados, respectivamente, por Antonio Stradivari e Giuseppe Guarnieri del Gesù, ambos luthiers de Cremona, cidade da Itália.
A idéia do radiologista Berend Stoel, da Universidade de Leiden (Holanda), foi colocar sete violinos e uma viola (construídos recentemente) em um tomógrafo computadorizado. Ele fez o mesmo com dois Stradivarius e três Del Gesù, todos fabricados entre 1715 e 1735. Hoje, o preço desses instrumentos vai de US$ 1 milhão a US$ 3,5 milhões. Não só pela grife, mas por causa da extrema qualidade do som que emitem.
A principal diferença obtida pelas medições feitas pelo cientista holandês --ele assina o trabalho ao lado do luthier americano Terry Borman-- está na densidade das madeiras dos instrumentos antigos.
Em comparação com os atuais violinos, tanto o pinheiro-da-noruega (Picea abies) quanto o bordo (Acer platanoides) --ambos usados na construção de um violino, mas em partes diferentes--, apresentavam no século 18 um grau de dureza parecido. As madeiras usadas em Cremona não eram nem muito duras, nem muito moles --diferentemente do que ocorre nos dias de hoje.
Os instrumentos contemporâneos apresentam uma diferença de densidade entre as madeiras. O pinheiro usado no tampo (parte da frente de um violino) é mais duro do que antes. Enquanto o bordo, usado na parte de trás, não apresenta muita diferença.
Em comparação com os atuais violinos, tanto o pinheiro-da-noruega (Picea abies) quanto o bordo (Acer platanoides) --ambos usados na construção de um violino, mas em partes diferentes--, apresentavam no século 18 um grau de dureza parecido. As madeiras usadas em Cremona não eram nem muito duras, nem muito moles --diferentemente do que ocorre nos dias de hoje.
Os instrumentos contemporâneos apresentam uma diferença de densidade entre as madeiras. O pinheiro usado no tampo (parte da frente de um violino) é mais duro do que antes. Enquanto o bordo, usado na parte de trás, não apresenta muita diferença.
"Esse é apenas um item que pode explicar a diferença entre os violinos do passado e os de agora", diz a Folha a física Maria Lúcia Grillo, professora da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro). Segundo a cientista, que estuda acústica musical, vários outros segredos já foram especulados. "Posso elencar uma lista deles. E os próprios autores fazem isso agora. Um, por exemplo, é o tipo de tratamento utilizado para a madeira. O verniz poderia ser importante, assim como a aplicação de amônia ou o fato de a madeira ter sido colocada sobre o vapor-d'água também".
O próprio pesquisador da Holanda, em seu estudo, diz que a densidade pode ser apenas um fator importante para explicar a diferença na vibração do violino ou na modificação da irradiação do som. "Ele apenas ajuda a entender o som superior dos instrumentos antigos", escreve ele.
Para o maestro brasileiro Luís Roberto Perez, formado na USP, mas hoje também ligado ao departamento de Física da Uerj, não adianta querer ficar "redescobrindo a pólvora". Ele afirma que o segredo dos Stradivarus e dos Del Gesù está definitivamente perdido.
Matéria de Eduardo Geraque (Folha de S.Paulo) 2008
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